Publicada em 2/12/2008
Cidades
Transmissão vertical da Aids cai 75% em seis anos

Medidas no parto reduziram a contaminação do filho pela mãe



Delma Medeiros
DA AGÊNCIA ANHANGÜERA
delma@rac.com.br

No Dia Mundial de Combate à Aids, celebrado ontem, a Secretaria Municipal de Saúde informou que a transmissão vertical (de mãe para filho) teve uma queda de 75% em seis anos. Até 2001, Campinas somava 79 casos em crianças até 4 anos. Em 2002, caíram para oito, número que foi reduzido para duas notificações até o último dia 12. “Houve um avanço, mas ainda não está como queremos”, afirma a coordenadora do Programa Municipal de DST/Aids, Maria Cristina Ilário. A meta até 2012 é chegar a menos de 1% de notificações de transmissão vertical. O bom acompanhamento no pré-natal e as medidas profiláticas no momento do parto são responsáveis por essa diminuição.

Cristina explica que o caráter regional do atendimento em Campinas dificulta o controle. “Muitas gestantes têm o parto aqui, mas fizeram o pré-natal em outras cidades e nem sempre chegam com o teste de HIV”, explica. Nesses casos, o hospital faz o teste rápido e adota as medidas necessárias, mas o ideal é que a profilaxia seja iniciada durante a gestação quando a mãe é portadora de HIV — o Ministério da Saúde encaminhará 3,3 milhões de kits para teste rápido aos estados em 2009. “Com a profilaxia correta, pode-se evitar praticamente 100% da transmissão vertical. Por isso, não estamos satisfeitos com os resultados.”

A mesma queda se verifica no Estado. O número de crianças que se infectaram com o vírus HIV durante a gestação, no momento do parto ou logo após o nascimento, caiu 86,12% em dez anos. Em 1997, São Paulo somou 418 casos de transmissão vertical. No ano passado, foram 58. “Com a descentralização dos serviços de saúde, a atenção para o parto e cuidados no pré-natal ficaram mais eficientes e focados nas necessidades de cada cidade. Dessa forma, São Paulo alcançou bons resultados”, avalia a médica pediatra responsável pela área de Transmissão Vertical e Sífilis do Centro de Referência e Treinamento de DST/Aids do Estado, Luiza Harumi Matida.

Ontem, foram realizadas diversas ações educativas em Campinas com o objetivo de criar uma rede de mobilização e solidariedade, alertando a população sobre a importância do teste de HIV e do tratamento.

SAIBA MAIS

A profilaxia para impedir a transmissão vertical consiste na introdução do coquetel anti-retroviral para as gestantes no início do pré-natal e AZT xarope para o bebê até os 2 meses de vida, sem aleitamento materno. Isso pode reduzir a transmissão vertical de 25% a 2%, e a 0% se associada à cesárea sem ruptura da bolsa durante o procedimento. Esse tratamento só teve início no final dos anos 90.